Julizar Dantas

                                               De sol a sol José

                                               capina, planta o

pé na roça,

                                 transpira odor de cachaça

De sol a sol Maria cozinha,

lava a bunda das crianças,

                                               deita com José.

                                               De sol a sol

Zezinho, Quinzim e Das Dores

                                               fuçam o quintal

da infância,

                                               tropeçam

anêmicos na solidão da miséria,

             bichas embriagadas brotam dos orifícios,

                                               naturalmente,

                                                       de sol a sol.

 

            O trabalho é considerado um dos fatores de risco psicossociais capazes de influenciar no desenvolvimento do alcoolismo. Dejours (1985) considera as práticas de ingestão alcoólicas realizadas por colegas, após a jornada de trabalho, uma expressão das estratégias coletivas de defesa psicológica. Estas práticas seriam formas de manter afastada da consciência a lembrança das ameaças e de todos os perigos e riscos ocupacionais.1

            O consumo excessivo de álcool eleva a pressão arterial e a variabilidade pressórica. Aumenta a prevalência de hipertensão, sendo uma das causas de resistência à terapêutica anti-hipertensiva. É fator de risco para acidente vascular encefálico.2 Em 2004, publicamos um estudo em trabalhadores da indústria do petróleo, que não demonstrou relação entre o trabalho de alto desgaste previsto pelo Job Strain Model e o uso de bebida alcoólica, nem entre o consumo de álcool e o trabalho em turnos.3 Outros estudos realizados no Brasil, com petroquímicos, também não evidenciaram maior consumo de álcool entre os trabalhadores em turnos comparados com trabalhadores diurnos da mesma empresa, faixa etária e tempo no emprego.4

            A dependência química às drogas lícitas e ilícitas atinge um numeroso contingente de trabalhadores no Brasil. Trata-se de uma doença democrática. Não respeita qualquer status sociocultural ou econômico. Atinge indiscriminadamente todas as categorias da força de trabalho, desde os trabalhadores braçais até o presidente da empresa, gerando aumento do absenteísmo e redução da produtividade no trabalho.  

            Num sentido amplo, droga é qualquer substância que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais sistemas do organismo, produzindo alterações em seu funcionamento. Algumas drogas podem levar à tolerância, isto é, à necessidade de doses cada vez maiores para se atingir o mesmo efeito. O próximo passo é a dependência química. Trata-se da perda do controle sobre a droga, causada pela extrema necessidade de consumi-la. Na realidade, com a instalação da dependência química a pessoa perde o sagrado direito de opção, a liberdade de escolha. Isto pode desencadear graus variados de consequências físicas, psicológicas ou sociais. Geralmente, a dependência se instala em sujeitos que buscam a felicidade perdida e procuram nas drogas uma solução artificial para o alívio do sofrimento gerado por conflitos interiores.

            O álcool, o fumo, os tranquilizantes, os moderadores do apetite, a maconha, a cocaína e o crack são exemplos de substâncias causadoras de dependência química. Entre todos aqueles que experimentam ou fazem uso de drogas, apenas uma minoria torna-se dependente. O abuso pode indicar uma predisposição e uma condição de risco. A dependência química caracteriza-se pelo desenvolvimento de tolerância aos efeitos da droga, pelo forte desejo ou compulsão para o consumo, pelas manifestações de síndrome de abstinência e pela falta de controle sobre o uso da substância.

            Alcoolismo: efeitos sobre o organismo.

            O alcoolismo é uma doença crônica primária. Os fatores genéticos, psicossociais e ambientais influenciam no seu desenvolvimento e manifestações. As características principais são:

  • incapacidade de limitar e controlar a ingestão de bebidas alcoólicas;
  • preocupação constante voltada ao consumo desta droga;
  • uso do álcool apesar das consequências adversas;
  • distorção do pensamento, principalmente a negação.

            Cada um desses sintomas pode ser contínuo ou intermitente.5

            O álcool é a droga psicotrópica de uso e abuso mais generalizado. O processo de fermentação produz bebidas (cerveja, vinho, espumantes, etc.) com concentrações médias de 10% de álcool. A destilação produz bebidas (whisky, cachaça, vodka, rum, etc.) mais concentradas, em torno de 45%. Os níveis sanguíneos dependem do tipo da bebida, da velocidade do consumo, do estado de repleção do estômago e do funcionamento do fígado. O álcool é um exemplo de substância depressora do sistema nervoso central. Pode causar um efeito euforizante inicial e sonolência, posteriormente. Interfere nas operações mentais que dependem de treinamento e experiência prévios. O raciocínio, a memória, a concentração, os reflexos e a coordenação motora ficam prejudicados. O humor oscilante, a falta de discernimento e o excesso de confiança aumentam os riscos de afogamentos, violência, acidentes do trabalho e de trânsito.

            O Código Nacional de Trânsito estabelece que é proibido dirigir sob o efeito do álcool em níveis iguais ou superiores a 0,6 g de álcool por litro de sangue. Isto equivale, para um homem de 60 kg, a beber duas doses de destilados ou uma garrafa de cerveja.  

            O uso de bebidas de procedência duvidosa, sujeitas à falsificação, expõe o usuário ao risco de intoxicações exógenas (chumbo, arsênio e metanol, etc.). O uso excessivo de bebidas alcoólicas aumenta consideravelmente o risco de doenças do fígado (cirrose e câncer), pancreatite, gastrite e duodenite, câncer da boca, faringe, esôfago, acidente vascular cerebral hemorrágico e doenças degenerativas do sistema nervoso e doenças mentais. É causa importante de hospitalizações. Portanto, pode-se concluir que o uso excessivo de álcool é prejudicial à saúde e o alcoolismo crônico é um problema de saúde pública. Além disso, o alcoolismo provoca alterações nos diversos sistemas orgânicos. Reduz a produtividade no trabalho e prejudica o relacionamento com a família, podendo levar o indivíduo ao desemprego e à desagregação familiar.

            Fases do alcoolismo.

1a fase: experimentação – a pessoa consome a droga pela primeira vez.

2a fase: uso ocasional – aceita novamente a droga para consumo eventual.

3a fase: uso regular – torna-se usuária habitual da droga. Frequenta lugares convenientes.

4a fase: dependência – necessita da droga diariamente e perde o controle sobre o uso.

            Como identificar o dependente químico.

            Existem sinais e sintomas que ajudam a identificar o dependente químico. As mudanças bruscas no comportamento e no relacionamento com os amigos, colegas e familiares constituem as principais características. São manifestações típicas: o desleixo com a aparência pessoal e os olhos avermelhados; as mudanças no modo de vestir (o uso de mangas compridas e óculos escuros); a instabilidade do humor e do comportamento; os novos círculos de amizades e interesses; os problemas com dinheiro (dívidas e pequenos furtos); a posse de aparelhos necessários para o consumo de drogas, seringas, ampolas e comprimidos; o uso de cachimbo, cigarro de palha e o hábito de cheirar pó; as alterações do apetite e o emagrecimento; a queda na produtividade e na qualidade do trabalho; o absenteísmo por doença e as faltas não justificadas após fins-de-semana, folgas e feriados.

            Existe algum teste para detecção do alcoolismo?

            Existem vários instrumentos para a detecção dos problemas relacionados ao uso de álcool, sendo os mais utilizados o questionário CAGE e o Audit Teste (Organização Mundial da Saúde). O CAGE é um teste autoaplicável, simples, rápido e pouco intimidativo.6 É composto por quatro questões com respostas do tipo sim ou não:

C - Alguma vez já sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?

A - As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?

G – Sente-se culpado pela maneira como costuma beber?

E - Costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?

            Atualmente, o ponto de corte do questionário foi definido em duas respostas positivas. Porém, uma resposta positiva justifica uma avaliação posterior e acompanhamento evolutivo. A utilização do CAGE na detecção de problemas relacionados ao uso do álcool (abuso e dependência) resultou em prevalência positiva de 19,8%, indicadores de sensibilidade de 84,4% e especificidade de 93,1%, permitindo a detecção de condições de abuso do álcool.7

            Prevalência de dependência química.

            A experiência pessoal em consultorias de Promoção da Saúde no Trabalho constatou, em uma das empresas que possui programa de prevenção e recuperação de dependência química, em 2006, que 10,6% dos trabalhadores são fumantes, 69,7% consomem bebidas alcoólicas regularmente, 13,9% bebem três ou mais doses ao dia, dois ou mais dias da semana e 1,1% bebem três ou mais doses diariamente.

            A prevenção e a recuperação da dependência química nas empresas.

            A prevenção da dependência química deve ser uma prioridade no gerenciamento das pessoas. A política da empresa deve estar claramente expressa em documento próprio e ser do conhecimento de todos. Precisa dar a estrutura adequada às atividades de prevenção e propiciar as condições necessárias para o tratamento dos dependentes químicos. Deve-se abandonar a atitude paternalista e preconceituosa. O paternalismo deve ser evitado porque é uma situação facilitadora para a manutenção da dependência química. O preconceito prejudica qualquer tentativa de recuperação.

            Os bebedores excessivos e os dependentes químicos podem ser reconhecidos durante o exame médico periódico com a avaliação clínica e investigação laboratorial dirigidas para o diagnóstico precoce do alcoolismo, que é fundamental para o sucesso no tratamento.

            O serviço social deve participar ativamente no processo da implantação dos programas de prevenção e recuperação da dependência química na empresa, fornecendo informações para os trabalhadores e familiares e treinamento específico para os gerentes e supervisores. Além disso, o serviço social participa no levantamento de dados funcionais, entrevistando os empregados, gerentes, supervisores e familiares mais próximos. A troca de informações dentro da equipe do programa é muito importante para o bom encaminhamento dos trabalhos. Nessa fase, deve ser estabelecido um contrato com as metas negociadas entre a equipe de saúde, a gerência e o empregado dependente químico. O acompanhamento do processo de recuperação deve ser realizado pela equipe com a participação de todos os envolvidos.

            Tratamento: recursos utilizados.

            Podemos comparar a dependência química à pressão alta e ao diabetes. Ela não tem cura: tem controle. O primeiro passo para o tratamento é aceitar ser portador da doença. Os passos seguintes são: desejo de abandonar o uso, manutenção da abstinência e prevenção das recaídas.

            O planejamento do tratamento deve considerar os recursos disponíveis na empresa e na comunidade. Na maioria dos casos, o tratamento ambulatorial é eficaz. Devem-se utilizar os recursos públicos e os comunitários, especialmente a participação em grupos de alcoólicos anônimos – AA e grupos de familiares – AL-ANON. O acompanhamento individual e familiar com equipes interdisciplinares compostas por profissionais especializados em Clínica Médica, Psiquiatria, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional, com experiência em dependência química, é essencial no processo de recuperação e na prevenção de recaídas. As técnicas de intervenção terapêutica podem incluir a desintoxicação, o tratamento medicamentoso com antagonista opioide (naltrexona), a psicoterapia individual, a psicoterapia de grupo, o atendimento familiar, a terapia ocupacional e as terapias cognitivas e comportamentais.

            O apoio de grupos religiosos e a crença num poder superior fortalecem a espiritualidade e são alternativas que não podemos desprezar. A implantação de grupos de ajuda mútua nos locais de trabalho, com reunião semanal dos trabalhadores e aposentados em recuperação, sob a coordenação da equipe, tem obtido resultados positivos na prevenção da recaída.

            Quando o tratamento ambulatorial não consegue êxito ou nos casos mais graves, em que haja necessidade imediata de desintoxicação, existe a opção do tratamento sob regime de internação em clínicas especializadas. A internação involuntária poderá ocorrer exclusivamente se a pessoa estiver correndo risco de vida ou proporcionando este risco a terceiros. Após a alta da clínica, o retorno ao trabalho deve ser imediato, objetivando a reorganização da vida e a reintegração social do indivíduo. Deve-se dar prosseguimento ao tratamento ambulatorial especializado, sob a supervisão da equipe de saúde da empresa.

            As estratégias de intervenções, moldadas em programas de prevenção e recuperação da dependência química nas empresas, têm apresentado resultados satisfatórios. Entretanto, alguns trabalhos relatados usam critério de diagnóstico e de sucesso terapêutico não padronizados, comprometendo a comparação entre os programas das empresas e dificultando a definição de um modelo adequado de intervenção terapêutica. A experiência pessoal em consultorias de Promoção da Saúde no Trabalho constatou que a recuperação promove a redução do absenteísmo e a melhoria da produtividade no trabalho.

            O álcool faz bem para o coração?

            Podemos fazer uma analogia entre os reflexos do álcool sobre a saúde do coração e a trajetória de um bumerangue. O uso de pequenas doses diárias pode trazer benefícios cardiovasculares, além de lubrificar o humor e o bem-estar (lançamento do bumerangue). O uso excessivo, entretanto, causa danos tanto ao sistema cardiovascular quanto à saúde em geral (retorno do bumerangue contra quem o atirou).

            É possível que a ingestão moderada de álcool (uma a duas unidades de álcool por dia) possa reduzir o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.8 Apesar disso, o uso do álcool não deve ser estimulado para a prevenção de doença cardiovascular. Entretanto, não deve ser proibido se o consumo for moderado.

            Impactos no Sistema cardiovascular.

            A ingestão excessiva de bebida alcoólica pode interferir desfavoravelmente sobre outros fatores de risco coronariano. É uma causa comum de hipertensão arterial reversível, obesidade e hipertrigliceridemia. O álcool tem uma ação nociva sobre o miocárdio, deprime a função do ventrículo esquerdo e pode desencadear a miocardiopatia alcoólica e arritmias.9

            Episódios hipertensivos são detectados em até 50% dos alcoolistas crônicos. O alcoolismo é considerado a causa mais comum de hipertensão arterial reversível. Outro fator que aumenta o risco coronariano em bebedores excessivos é a associação com o fumo.

            A ocorrência de arritmias cardíacas é comumente observada nos hospitais de Pronto-Socorro, em feriados e fins-de-semana, após uso excessivo de bebida alcoólica. A fibrilação atrial é um tipo de arritmia muito frequente. Ela se caracteriza pelo aparecimento de palpitações e taquicardia de início súbito, percebendo-se os batimentos cardíacos rápidos e desordenados.

            Podemos concluir que o uso excessivo (igual ou acima de três doses ao dia) de álcool é prejudicial à saúde. O aconselhamento indiscriminado para o uso moderado (uma a duas doses ao dia) não é recomendável. Temos observado que a dependência química começa pelo uso “social” de pequenas quantidades de álcool, seguida pelo desenvolvimento da tolerância. Existem outras alternativas menos perigosas e mais saudáveis para aumentar o colesterol-HDL e diminuir o risco coronariano. A prática de exercícios é uma delas. Portanto, não cabe ao médico assumir os riscos dessa receita. A decisão final deve ser de responsabilidade do cliente.10

            Política Nacional sobre o Álcool.

            A Política Nacional sobre o Álcool reconhece a sua associação com a violência e criminalidade. Define bebida alcoólica aquela que contém 0.5 grau Gay-Lussac ou mais de concentração, incluindo as bebidas destiladas, fermentadas, a mistura de refrigerantes e destilados, e outras preparações, inclusive as farmacêuticas. Estabelece diretrizes, visando à prevenção e educação sobre o uso indevido do álcool. Incentiva a regulamentação, monitoramento e a fiscalização da propaganda e publicidade. Restringe a venda de bebidas alcoólicas.11

REFERÊNCIAS:

1. DEJOURS, C.; BURLOT, A. Contribution de la psychopathologie du travail a l`étude de l`alcoolisme. In: DEJOURS, C.; VEIL, C.; WISNER, A. (org.). Psychopathologie du travail. Paris: Enterprise Moderne d´Édition, 1985.

2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 82, (suplemento IV), 2004.

3. DANTAS, J.; MENDES, R.; ARAÚJO, T.M. Hipertensão Arterial e Fatores Psicossociais no Trabalho em uma Refinaria de Petróleo. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, Belo Horizonte, v.2, n.1, p.55-68, 2004.

4. FISCHER, F.M.; LIEBER, R.R. Trabalho em turnos. In: René Mendes. (Org.). Patologia do trabalho. 3a. ed. Rio de janeiro: Atheneu, 2013. cap.25, p.753-782.

5. MORSE, R.M.; FLAVIN, D.K. The definition of alcoholism. The Joint Committee of the National Council on Alcoholism and Drug Dependence and the American Society of Addiction Medicine to Study the Definition and Criteria for the Diagnosis of Alcoholism. Journal of the American Medical Association, Chicago, v. 268 n. 8, 1992.

6. EWING, J.A.; ROUSE, B.A. Identifying the hidden alcoholic. In: 29TH INTERNACIONAL CONGRESS ON ALCOHOL AND DRUG DEPENDENCE. Abstracts ... Sidney, 1970.

7. AMARAL, R.A.; MALBERGIER, A. Avaliação de instrumento de detecção de problemas relacionados ao uso do álcool (CAGE) entre trabalhadores da prefeitura do campus da Universidade de São Paulo (USP) - campus capital. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 26, n. 3, 2004. 

8. MUKAMAL, K.J.; CHIUVE, S.E.; RIMM, E.B. Alcohol consumption and risk for coronary heart disease in men with healthy lifestyles.Archives of Internal Medicine, Chicago, v.19, n.166, p.2145-50, 2006.

9. MARKKU, K., KOSKINEN, P. Relation of left ventricular function to habitual alcohol

consumption. American Journal of Cardiology, New York, v.72, p.1.418,1993.

10. Hensrud D. Moderate Alcohol Intake Has Positive Effects on Heart Health, but Too Much Causes Other Serious Health Concerns. Mayo Clinic. Rochester Feb, 2012. Disponível em: < http://newsnetwork.mayoclinic.org/discussion/moderate-alcohol-intake-has-positive-effects-on-heart-health-but-too-much-causes-other-serious-healt/> Acesso em: 01 jul 2014.

11. BRASIL. Decreto N° 6.117, de 22 de maio de 2007. Aprova a Política Nacional sobre o Álcool, dispõe sobre as medidas para redução do uso indevido de álcool e sua associação com a violência e criminalidade, e dá outras providências. Brasília, 23 mai. 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6117.htm > . Acesso em: 01 jul 2014.