Julizar Dantas

 As palavras agradáveis são como um favo de mel:

doçura para a alma e saúde para os ossos

– "contribuem para o bem-estar”

(Provérbios16:24)


            O Dalai Lama, no seu livro Uma Ética para o novo Milênio, afirma que as “... qualidades do espírito humano _ tais como amor e compaixão, paciência, tolerância, capacidade de perdoar, contentamento, noção de responsabilidade, noção de harmonia _ trazem felicidade tanto para a própria pessoa como para os outros.(1)

            As palavras mágicas são fontes de emoções positivas. Elas representam as flores do nosso jardim da qualidade da vida. Fornecem suporte socioemocional nas relações entre as pessoas.

            São exemplos de emoções positivas que devemos cultivar:

            Ética. É a conduta pautada pela integridade, honestidade e respeito aos princípios morais e à dignidade do ser humano.

            Respeito. É o reconhecimento da diversidade, possibilitando a coexistência das diferenças culturais, sociais e raciais.

            Conciliação. É uma forma de resolução de controvérsias na relação de interesses mediada pelas próprias partes ou por um conciliador. As pessoas conciliadoras bloqueiam a disseminação das emoções tóxicas no ambiente de trabalho e fortalecem o espírito de equipe.

            Liderança. O sucesso de um líder depende da competência para lidar com as próprias emoções, da capacidade de se relacionar e entrar em sintonia com as pessoas, falar com franqueza, dar e receber feedback sem criar constrangimentos e elevar o moral da equipe. Um líder emocionalmente inteligente é capaz de criar um ambiente organizacional saudável, atrair e reter talentos. A lealdade e produtividade da equipe depende da qualidade da liderança.(2)

            Competência é a integração de um conjunto de conhecimentos adquiridos, habilidades e atitudes desenvolvidas e criadas pela interação humana que possibilitam uma atuação diferenciada e produzem resultados eficazes.

            Planejamento. É o trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos; elaboração, por etapas, com bases técnicas, de planos e programas com objetivos definidos (Novo Dicionário Aurélio). Todo o tempo investido em planejamento criterioso retorna sob a forma de eficiência, eficácia e efetividade.

            Proatividade. Caracteriza-se pela habilidade de se antecipar aos eventos. Ser proativo é tomar as decisões com iniciativa, antecedência, precaução, discernimento, agilidade, astúcia, inteligência, atenção, cuidado, critério... É ser ativo e não reativo. É o que nos ensina a canção. “[...] Vem, vamos embora que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”(3)

            Otimismo é a qualidade de encarar a vida com expectativas positivas para atingir os objetivos futuros. O otimismo sadio significa estar em contato com a realidade, valorizando os aspectos positivos e extraindo o melhor das coisas, das pessoas e dos relacionamentos. É um determinante de saúde e bem-estar e pode estar relacionado com a diminuição da mortalidade cardiovascular.(4,5) Além disso, o otimismo tempera as relações entre as pessoas transformando os ambientes sociais e semeando emoções positivas e esperança. O otimismo é um jeito gostoso de ser e conviver.

            Presente

Relembrar o passado e aprender!

Planejar o futuro e viver o presente!

O passado é um retrato camuflado pela névoa do tempo.

O futuro é imprevisível, inatingível ou nunca chega a ser.

Viver é um presente!

            Perdão. Perdoar significa apagar a mágoa que foi escrita no coração e ficar livre de carregar o peso do ressentimento. Pesquisadores do departamento de psicologia da Universidade de Tennessee encontraram evidências de benefícios fisiológicos na resposta cardiovascular, incluindo a redução da frequência cardíaca e da pressão arterial, em pessoas que praticaram o perdão. Portanto, podemos concluir: quem perdoa é o maior beneficiado!(6)

            Esperança é a expectativa e a crença na possibilidade de alcançar metas ou resultados desejados. Geralmente está associada a duas emoções positivas: a fé e o otimismo. Perder a esperança aumenta o risco de morte por doença isquêmica do coração (RR = 2.1 - IC 95% = 1.1 - 3.9).(7)

            Serenidade. É a capacidade de aceitar as coisas que não podemos modificar, a atitude para modificar aquelas que podemos e a sabedoria para distinguir umas das outras.

            Reconhecimento. Uma das necessidades básicas do ser humano é o reconhecimento social. Da mesma forma que omitir a verdade é mentir, a falta de reconhecimento a um trabalho bem feito ou a uma ação meritória é uma forma de opressão ou violação de uma norma social. A reciprocidade propiciada por uma recompensa merecida desencadeia emoções positivas e promovem o bem-estar no ambiente de trabalho.

              Amizade.

 O que a ciência nos fala sobre a relação entre

amizade e saúde?

Cientistas britânicos da Universidade de York, constataram que a solidão está

associada a um aumento de 29% no risco de ataque cardíaco e 32% de

acidente vascular cerebral - AVC.

O Interheart study, estudo envolvendo 24.767 pessoas em 52 países,

constatou que nos trabalhadores submetidos ao estresse permanente no

trabalho, o risco relativo de infarto do miocárdio foi 2,1 vezes maior do que no

grupo controle. Trabalhadores expostos a condições ocupacionais adversas

podem se unir, fortalecendo o espírito de equipe, e aumentar o controle sobre

elas. O suporte socioemocional fornecido pelos próprios colegas atua como um

fator de atenuação do estresse, promovendo a saúde e a qualidade de vida no

trabalho.

O “Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto” da Universidade de Harvard

concluiu que as relações de amizade protegem a memória e a saúde em geral

e que o importante para nos mantermos felizes e saudáveis ao longo da vida é

a qualidade dos nossos relacionamentos.

O Dalai Lama, no livro, “Uma ética para o novo milênio” nos ensina que entre

as qualidades do espírito humano estão o amor e compaixão, paciência,

tolerância, contentamento, capacidade de perdoar, noção de responsabilidade

e harmonia que trazem felicidade para a própria pessoa e para os outros.

E a ética nos relacionamentos? Leonardo Boff esclarece que a ética é a

conduta humana perante o ser e seus semelhantes, incluindo o respeito ao

outro com a sua inerente dignidade. A ética surge quando o outro emerge

diante de nós!

E quem possui todas estas qualidades e algumas imperfeições irrelevantes aos

nossos olhos?

Fernando Brand e Milton Nascimento, em “Canção da América”, dizem que

“Amigo é coisa para se guardar... debaixo de sete chaves

... no lado esquerdo do peito... dentro do coração”

Que falta faz um amigo!

Quando perdemos um amigo, nos resta a Saudade... e por que eles nos

fazem tanta falta?

Porque Amigo é o verbo em tempo perfeito. É o superego, substantivo e sujeito, sempre presente nas horas de aperto e afeto. Amigo é um forte, um porto seguro. É o suporte que ostenta a arte de conviver e confiar o passado, o presente e o futuro. 

            Amor é folha desgarrada, flor despetalada cavalgando emoções e afeto. É o beijo lento, úmido e quente da despedida... É calmaria, paz e sossego, cúmplice aconchego, convívio e harmonia...

REFERÊNCIAS:

1. TENZIN GYATSO, o décimo quarto Dalai Lama no Tibet. Uma ética para o novo Milênio. 7ª Edição. Sextante. 2000.

2. GOLEMAN, D; BOYATZIZ, R; MCKEEO, A. O Poder da Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

3. VANDRE, G. Prá não dizer que não falei de flores. Disponível em: http://geraldo-vandre.letras.terra.com.br/letras/46168/. Acesso em: 18 dez. 2006.

4. KUBZANSKY, L.D. et al. Is the glass empty or half full? A prospective study of optimism and coronary heart disease in the normative aging study. Psychosomatic Medicine, London, v.63, p.910-916, 2001.

5. GILTAY, E.J. et al. Dispositional Optimism and the Risk of Cardiovascular Death: The Zutphen Elderly Study. Archives of Internal Medicine, Chicago, v.14, n.166, p.431-436, 2006.

6. LAWLER, K.A. et al. A Change of Heart: Cardiovascular Correlates of Forgiveness in Response to Interpersonal Conflict. Journal of Behavioral Medicine, Netherlands, v.5, n.26, p.373-393, 2003.

7. ANDA, R. et al. Depressed affect, hopelessness, and the risk of ischemic heart disease in a cohort of U.S. adults. Epidemiology, Baltimore, v.4, n.4, p.285-94, 1993.